Produzido no Brasil entre 1976 e 1980, um projeta alemão da Audi, era considerado eficiente por uma série de razões técnicas, e contextuais. Os principais fatores que contribuíam para essa eficiência:

Revista mecânica – Tábata Miyuki – Colunista
1. Acerto de relações de marcha

O câmbio 4 marchas do Passat TS tinha relações curtas e bem escalonadas, especialmente para um carro com motor de aspiração natural. Isso favorecia:
- Boas retomadas de velocidade
- Aceleração vigorosa, principalmente nas primeiras marchas;
- Aproveitamento ideal da curva de torque do motor 1.6 (BS/MD), com duplo carburador no TS.
2. Combinação com motor de comando lateral (AP predecessor)
O motor 1.6 do TS, com cerca de 80 cv (brutos) e comando lateral (em vez do tradicional comando no cabeçote), entregava torque em baixas rotações.
O câmbio ajudava a manter o motor sempre na faixa ideal de torque, o que ampliava a sensação de desempenho.
3. Leveza do carro
O Passat era um carro muito leve (cerca de 900 kg), com centro de gravidade baixo e excelente distribuição de peso graças à tração dianteira. Isso tornava o conjunto:
- Ágil nas arrancadas;
- Econômico em velocidades de cruzeiro;
- Responsivo, mesmo com apenas 4 marchas.
4. Projeto alemão, calibração brasileira
O câmbio do Passat TS era baseado em soluções da Auto Union/Audi, mas adaptado para as condições brasileiras (clima, combustível, estradas).
A Engesa e a VW do Brasil acertaram o câmbio com foco em desempenho urbano e esportividade leve, mantendo robustez.

5. Robustez e manutenção fácil
Além da eficiência em desempenho, o câmbio era:
- Confiável, com poucos problemas mecânicos;
- Fácil de manter, com peças acessíveis;
- Adaptável para preparações (muito usado em carros de corrida, inclusive na Divisão 3).
Resultado prático
O Passat TS, com seu câmbio de 4 marchas, tinha um comportamento esportivo, com consumo razoável, trocas precisas e bom desempenho para a época. Em testes da década de 1970, ele chegava a 160 km/h, um número excelente para um carro 1.6 aspirado com apenas 4 marchas.
Relações de Marcha – Passat TS 1.6 (câmbio mecânico 4M)
- Marcha Relação;
- 1ª marcha 3,78:1;
- 2ª marcha 2,12:1;
- 3ª marcha 1,32:1;
- 4ª marcha (direta) 0,93:1;
- Ré 3,64:1;
- Diferencial 4,11:1.
Alguns modelos usavam diferencial 4,13:1 ou 3,89:1 dependendo do ano e aplicação, mas o 4,11 era o mais comum no TS de fábrica.
O que essas relações significam na prática?
- 1ª marcha (3,78:1 + 4,11 do diferencial)
→ Multiplicação total: 15,54:1;
→ Muita força para arrancadas, útil em cidade e ladeiras;
→ Mantinha o motor cheio, mesmo com torque modesto. - 2ª marcha (2,12:1)
→ Boa para retomadas e trânsito urbano;
→ Era uma marcha versátil no uso cotidiano. - 3ª marcha (1,32:1)
→ Já começava a permitir velocidades médias com boa resposta;
→ Muito usada em curvas ou trechos rápidos. - 4ª marcha (0,93:1) – Overdrive leve
→ Embora não seja uma sobremarcha real (<1), era uma redução sutil que ajudava a baixar o giro do motor em cruzeiro.
→ Excelente equilíbrio entre consumo e desempenho a 100–120 km/h.

Vantagens do Passat TS:
- Câmbio mais curto nas marchas iniciais, ideal para esportividade;
- 4ª marcha mais longa, mais eficiente em consumo na estrada;
- Combinação com tração dianteira deixava a entrega mais eficiente.